celebração do Ofício, na Capela das Irmãs Paulinas, zona sul de SP |
“Precisamos reaprender a rezar comunitariamente”, afirmou padre José Renato, assessor das Comunidades Eclesiais de Base da Arquidiocese de São Paulo, durante tarde de estudos, no dia 18, sobre o Ofício Divino, na zona sul da capital, que reuniu cerca de 90 pessoas. Os participantes, membros das CEBs da Arquidiocese e da Grande São Paulo, contaram com a assessoria da Rede Celebra. “Quando rezamos o ofício encarnamos a dor e a ressurreição de Cristo. Hoje vivemos um momento caótico na Igreja, há muitos, caminhos, confusões e tendências que surgem, e às vezes destoam um pouco da liturgia oficial da Igreja, o que dificulta a unidade”, disse a religiosa franciscana Idê Maria da Cunha.
Idê apontou também que o ritualismo, diferentemente do ritual, muitas vezes tira a alma da celebração, dando muito mais um aspecto formal, de evento à celebração, do que de oração ao momento que deveria ser de “fé em mutirão”. “No Ofício Divino exercitamos o sentar em torno da Palavra e traduzir o cotidiano. As primeiras comunidades faziam isso com muita simplicidade, busquem em Atos dos Apóstolos e verão”, disse a religiosa.
Em artigo publicado no site da Rede Celebra, Penha Carpanedo, diretora da Revista de Liturgia definiu que “o Ofício Divino se esforça por manter uma liturgia fiel à tradição, mas com o rosto de nossas raças, sendo uma herança que abraça a tradição antiga da igreja e a espiritualidade latino-americana. É uma fonte onde beberam Jesus e as primeiras comunidades cristãs, e onde buscam água ainda hoje muitas pessoas que gostam de orar com salmos à luz da Páscoa de Jesus: as CEBs do campo e da cidade, as pastorais da juventude, o povo da rua, os círculos bíblicos, os grupos de novena do natal...”.
O Ofício Divino é a liturgia das horas, com uma linguagem mais popular. Nela, os celebrantes fazem memória da Páscoa nas horas do dia, especialmente manhã, tarde e noite, sendo que cada hora está articulada com o tempo litúrgico. O silêncio, a oração pessoal, a memória de situações do cotidiano, a partilha da Palavra, o canto dos salmos e hinos são características do Ofício Divino, que se somam à ambientação. Na celebração do Ofício Divino, diferentemente da maioria dos templos, as pessoas estão sentadas em torno da mesa do altar, em círculos, permitindo que haja o contato do olhar, onde todos são iguais, apontou Ide.
A tarde das CEBs sobre o Ofício Divino é a efetivação de uma das propostas do 1º Congresso de Leigos, realizado na Arquidiocese de São Paulo, durante todo o ano de 2010. Para Marlene de Souza, da Paróquia Santa Rosa de Lima, em Perdizes, a formação “esclareceu muitas dúvidas, acrescentou e conscientizou da importância de rezar em comunidades”.
Karla Maria, publicado no O SÃO PAULO